Projeto Mulheres na Direção resgata a autoestima e a independência financeira feminina

Mulheres motoristas do Mulheres na Direção, programa desenvolvido pela MobiBrasil e que estimula a autoestima feminina
Ainda no início de 2024, a MobiBrasil lançou o Mulheres na Direção, projeto que estimula a equidade de gênero e, principalmente, valoriza a independência financeira e a autoestima feminina. Para isso, ensina as mulheres a conduzir ônibus, uma atividade que até hoje é predominantemente masculina.
O Mulheres na Direção começou em São Paulo, exatamente com a operação da linha semiexpressa 627M-10, que alimenta o Aquático-SP, o primeiro sistema de transporte público hidroviário de São Paulo. Além da condução exclusivamente feminina, a frota é 100% elétrica e é composta por cinco veículos.
O objetivo do projeto Mulheres na Direção é, além de incentivar a presença feminina em um setor tradicionalmente dominado por homens, contribuir para uma sociedade com equidade de gênero, melhorar a renda para mulheres chefes de família, e promover o crescimento profissional daquelas que desejam ser motoristas.
Segundo a gerente de Recursos Humanos da MobiBrasil em São Paulo, Odenilda Nascimento, a empresa tem muitas expectativas sociais e corporativas em relação ao projeto Mulheres na Direção.
“Buscamos reduzir a rotatividade de nossos funcionários (turnover) na função de motoristas, equilibrando o quadro de profissionais da direção, que vive uma escassez no mercado. E, aumentando o percentual de motoristas mulheres, promovemos um ambiente inclusivo e elevamos o nível de satisfação para retenção das motoristas”, explica.
Além disso, destaca a gerente de RH, o projeto também permite atender as demandas sociais e de responsabilidade corporativa, permitindo que a MobiBrasil se alinhe às práticas de ESG (ambientais, sociais e de governança).
“De prisioneira à condutora da minha própria vida”

Diana Andrea, que está na MobiBrasil desde 2016, virou motorista em 2024 graças ao Mulheres na Direção
O depoimento abaixo, dado pela motorista da MobiBrasil Diana Andrea de Souza Leal, 42 anos, simboliza como nenhum outro a importância e a abrangência social do projeto Mulheres na Direção. Mostra como um estímulo profissional pode mudar a realidade de muitas mulheres a partir do resgate da autoestima, da independência emocional e financeira.
Diana Andrea, que está na MobiBrasil desde 2016 e, em 2024, virou motorista graças ao Mulheres na Direção, conta que foi o projeto que permitiu que ela se libertasse de anos e anos de controle masculino do homem com quem era casada. “Eu não era dona da minha vida, apenas existia dentro das limitações que ele impunha”, relembra.
A liberdade começou com o divórcio, mas foi o Mulheres na Direção que a libertou de vez, que a tornou segura de si, de que era capaz de viver do seu próprio trabalho. Hoje, Diana é uma das 10 mulheres que conduzem a frota elétrica do Aquático-SP e se orgulha de dirigir um ônibus, transportando passageiros diariamente.
Confira o depoimento na íntegra:
“Por muitos anos, vivi presa em um casamento que me apagava, onde minha voz, meus sonhos e minha liberdade eram sufocados por um homem controlador. Passei 12 anos na área da enfermagem, mas tudo o que eu fazia era decidido por ele. Eu não era dona da minha vida, apenas existia dentro das limitações que ele impunha.
“Mesmo sem enxergar uma saída, dentro de mim ainda existia uma chama acesa: o desejo de liberdade, de conquistar algo meu. Mas como? Eu não sabia dirigir, não tinha independência e, acima de tudo, tinha medo. Foi então que, em silêncio, comecei a me preparar.”
diana andrea
Enquanto ele acreditava que me controlava, eu, escondida, aprendia a dirigir, desenvolvia minha habilidade e, com o apoio da empresa onde trabalhava, tirei minha primeira habilitação para carro e moto. Fiz tudo em segredo, e quando ele percebeu, já era tarde: eu estava pronta para mudar minha vida.

Diana Andrea, que está na MobiBrasil desde 2016, virou motorista em 2024 graças ao Mulheres na Direção
O divórcio foi o ponto de virada. Sem ele, eu finalmente podia viver para mim, mas também precisava me sustentar. Foi quando pedi a Deus que tocasse os corações certos para me ajudarem. E Ele fez. Pessoas incríveis cruzaram meu caminho: dona Niege Chaves, Pereira (gerente), Rubens (subgerente) e Odenilda, Catila, Diana, Lucas. Com o apoio deles e da empresa, ingressei no projeto Mulheres na Direção. Quando fui escolhida, senti que Deus estava confirmando que eu era capaz.
“No começo, eu mal sabia dirigir meu próprio carro, e de repente estava assumindo um ônibus, um patrimônio de mais de um milhão de reais. Mas eu nunca duvidei que Deus estava comigo. Meus instrutores Luciano, Jandre e Valdomiro foram essenciais nessa jornada. Luciano sempre dizia: Sua habilitação foi na raça. E foi mesmo!”
Diana Andrea
A cada aula, a cada desafio, aprendi a confiar em mim mesma. Nunca esquecerei quando ele brincou: Você parece que já carregou até o passageiro. Mal sabia ele que, no início, eu nem dirigia meu carro direito!
Hoje, olho para trás e vejo o quanto cresci. Me tornei motorista profissional, conquistei os cursos de Instrutora de Trânsito e Instrutora de Transporte Coletivo, estou finalizando minha faculdade de Engenharia de Tráfego e também o curso de Biomedicina. Mas minha maior conquista foi recuperar minha liberdade e meu amor-próprio.
Sou grata a todos que me ajudaram nessa caminhada, especialmente à dona Niege e aos meus instrutores. Cada palavra de incentivo, cada ensinamento, cada oportunidade fizeram de mim a mulher forte que sou hoje.
Se há algo que posso dizer a todas as mulheres que sofreram em relacionamentos abusivos, que abriram mão dos seus sonhos por homens que as limitaram, é: Vocês podem recomeçar! Eu sou a prova viva de que é possível sair do sofrimento e transformar a dor em força.
Se me perguntam se gosto do que faço, respondo sem hesitar: Eu não só gosto, eu amo! E se soubesse o quanto isso mudaria minha vida, teria corrido atrás muito antes.
Hoje, me coloco à disposição para ajudar qualquer mulher que precise de um empurrão para recomeçar. Porque sonhos não devem ser abandonados, devem ser vividos.”