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MobiBrasil realiza roda de conversa online sobre Ética Profissional na Era Digital

A MobiBrasil realizou um webinar, apresentado como uma roda de conversa, para discutir o tema crucial da Ética Profissional na Era Digital. O evento contou com a participação de profissionais das áreas jurídica e de Recursos Humanos (RH) do grupo.

A mesa de debate foi composta por Elaine Aguiar, gerente de RH da MobiBrasil Pernambuco; Jones Moreira, gerente jurídico da unidade pernambucana; Isabel Fernandes, gerente jurídica da MobiBrasil São Paulo, e Odenilda Nascimento, gerente de RH da unidade paulista. A discussão se deu em torno da realidade digital que, embora conecte as pessoas em diferentes localidades do Brasil, exige uma reflexão sobre a ótica e o comportamento profissional no dia a dia.

Os convidados abordaram situações baseadas em fatos reais e publicados na mídia e nas redes sociais, visando promover uma manhã de reflexão com um olhar profissional.

Um dos primeiros pontos de reflexão trazidos pelo webinar foi o conflito entre a opinião pessoal versus a imagem da empresa. A situação analisada envolveu um colaborador que expôs opiniões polêmicas em sua rede social pessoal, identificando-se como funcionário da empresa.

O Dr. Jones Moreira destacou que a liberdade de expressão é um direito constitucional, presente no Artigo 5º da Constituição Federal. Contudo, enfatizou que este não é um direito absoluto; ele possui limites. “A liberdade de expressão esbarra nos direitos da personalidade do ser humano, como a honra e a imagem”, argumentou.

Segundo Jones, o profissional precisa refletir se aquilo que ele posta pode ofender ou ser interpretado como um discurso de ódio. A responsabilidade profissional entra como um contraponto, trazendo a reflexão sobre os deveres, a obediência e a ética no trabalho.

Do ponto de vista do RH, Elaine Aguiar reforçou que o que se expressa diz mais sobre o indivíduo do que sobre o outro, e que “preconceito, discriminação” e atitudes radicais não são toleradas pelas empresas e pela sociedade. “Comportamentos discriminatórios ou de bullying devido à diversidade afetam o ambiente, e a empresa pode aplicar sanções disciplinares, pois para todo comportamento, existe uma consequência, seja ela positiva ou negativa”, afirmou.

Outros blocos de discussão se concentraram nos riscos apresentados pelo comportamento em grupos de comunicação e o uso indevido de imagens. Entre eles, o WhatsApp.

Foi alertado que o Brasil possui milhões de usuários de WhatsApp, e o aplicativo se tornou uma realidade onipresente, inclusive no ambiente de trabalho. Mesmo grupos informais, criados por colegas para facilitar a comunicação, podem se transformar em espaços de conflito.

A Dra. Isabel Fernandes explicou que, ao trazer situações rotineiras da empresa para um grupo informal, que atua como uma extensão da empresa, as pessoas perdem a mão e podem constranger colegas, criando situações que podem levar ao assédio, difamação ou quebra de sigilo profissional. Ela ressaltou que, apesar de ser um grupo informal, o indivíduo representa a empresa e seus valores.

A propagação de fake news e comentários maldosos afeta o clima organizacional, pois os colaboradores também são responsáveis por contribuir para um ambiente de trabalho saudável. Odenilda Nascimento afirmou que o clima organizacional é responsabilidade de todos, e é vital ter consciência do tipo de conteúdo e da forma como se comunica, sempre exercitando a empatia.

A questão do uso indevido de imagem foi ilustrada com a situação de uma colega que tira uma foto “engraçada” de outro colaborador em um evento interno e a publica como um meme em um grupo, fazendo a imagem circular pela empresa.

O Dr. Jones Moreira qualificou a ação como um uso indevido da imagem, pois o colega não deu autorização para que sua imagem fosse veiculada, especialmente para uma finalidade “totalmente infeliz” de ser convertida em meme. Para um, o meme pode ser piada; para o outro, é sofrimento e angústia. O direito de imagem é individual e não pode ser renunciado, exigindo autorização formal do titular.

“O bullying (cyberbullying na esfera digital) ataca diretamente a dignidade humana, causando constrangimento, abalo emocional e afetando a autoestima. Todo mundo ri enquanto um chora. Isso não é brincadeira”, reforçou Elaine Aguiar.

Dra. Isabel Fernandes alertou que quem compartilha também tem responsabilidade, mesmo que não tenha criado o meme ou a imagem. Isso porque propagar o conteúdo leva à propagação do efeito do assédio e pode gerar dano moral.

A discussão se estendeu para o uso da tecnologia, incluindo deepfakes (manipulação de imagem e voz para simular algo que a pessoa não fez ou disse) e a má utilização de ferramentas de Inteligência Artificial generativa.

Um exemplo analisado foi o de um colaborador que usa IA para preparar uma apresentação interna e, inadvertidamente, inclui informações confidenciais (dados de clientes, documentos de uso restrito), que acabam sendo reproduzidas em uma plataforma pública.

Elaine Aguiar destacou ser fundamental estabelecer regras de utilização das informações da empresa para evitar que dados confidenciais caiam na rede. O uso da IA deve apoiar o trabalho humano e não ser usado para manipular informações. Ela enfatizou a importância da responsabilidade com o que é seu e o que é do outro.

Dra. Isabel Fernandes reiterou que criar, propagar ou divulgar fake news ou deepfakes que levem à difamação, injúria ou calúnia continua sendo crime previsto no Código Penal, com risco de reparação cível por dano moral. Ela também chamou atenção para a legislação de proteção de dados (LGPD), que implica em responsabilidade para a empresa e para o funcionário que vaza informações confidenciais ao inseri-las em ferramentas de IA.

O Dr. Jones Moreira concluiu que a prevenção individual de crises digitais passa por três pilares: empatia, consciência e postura responsável. Ele recomendou que, na dúvida sobre se o compartilhamento é ético ou está de acordo com os valores da organização, o profissional deve sempre perguntar.

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