Mobi Notícia

Confira entrevista de Niege Chaves, VP do Grupo MobiBrasil, ao Podcast do Transporte: “Nosso DNA é Mobilidade”

A empresária e vice-presidente do Grupo MobiBrasil, Niege Chaves, foi a convidada de um episódio especial do Podcast do Transporte, gravado diretamente da Arena ANTP 2025, um dos maiores eventos de mobilidade urbana do País, que aconteceu entre os dias 28, 29 e 30/10, em São Paulo.

A entrevista sintetizou a visão da executiva que transformou o transporte público em uma vocação de vida, destacando a importância de manter o propósito coletivo, investir em infraestrutura e acreditar no papel transformador da mobilidade urbana. Chaves resumiu sua filosofia pessoal ao declarar: “Eu sempre falo que não saio para trabalhar — saio para me divertir porque acordo feliz para fazer algo novo que irá melhorar a vida de alguém”, destacou.

A VP do Grupo MobiBrasil afirmou que a indústria brasileira está reagindo positivamente às transformações, observando o aumento de ônibus elétricos, carregadores e a geração de empregos por empresas nacionais e multinacionais.

Durante a conversa, Niege Chaves enfatizou que não é possível ter um transporte público de qualidade sem o investimento em infraestrutura adequada, capilaridade e sistemas integrados. Ao citar a implantação do BRT de Recife, ela relembrou o desafio de liderar um dos primeiros projetos integrados do País, o qual hoje transporta quase 100 mil passageiros por dia e é um serviço bem avaliado. 

A executiva defendeu a prioridade do coletivo sobre o individual, destacando que o DNA do Grupo MobiBrasil é a mobilidade, sendo a estrutura da empresa dividida em tecnologia, transporte público e infraestrutura urbana. Niege, fundadora do Cittamobi, também ressaltou a necessidade de dados abertos para o planejamento de uma mobilidade melhor, o que permitiria discussões aprofundadas sobre modelos tarifários, como a tarifa zero ou única. 

Para Niege Chaves, o futuro exige um “Brasil coletivo”, onde o transporte público tenha prioridade e haja um propósito compartilhado entre governo, empresas e sociedade para garantir que o bem feito fique, independentemente das mudanças políticas.

Podcast do Transporte – Ao sintetizar a energia e visão de quem transformou o transporte público em vocação de vida, como a senhora descreve sua relação com o trabalho?

Niege Chaves – “Eu sempre falo que não saio para trabalhar — saio para me divertir”. “Todo dia acordo feliz porque vou fazer alguma coisa nova que vai melhorar a vida de alguém”.

Podcast do Transporte – Como a senhora avalia a reação da indústria brasileira diante das transformações e qual o papel da Arena ANTP neste cenário? 

Niege Chaves – É maravilhoso ver a indústria brasileira reagindo tão bem às transformações. Quantos ônibus elétricos, quantos carregadores, quantas empresas nacionais e multinacionais vindo ao Brasil gerar emprego. O importante é manter a linha — sabendo que a gente tem parada. Eu brinco que a gente não é metrô, que anda só expresso: a gente para, faz transbordo e segue por outro caminho.

Podcast do Transporte – Ao relembrar projetos como a implantação do BRT de Recife, qual a importância da infraestrutura para a melhoria do transporte público? 

Niege Chaves – Não sei se foi pioneirismo ou loucura”, brinca. Mas eu dizia desde o começo: não dá para melhorar o transporte público só comprando ônibus novos com ar-condicionado e sistema de informação. Se não tiver infraestrutura, se não tiver capilaridade, se não tiver sistema integrado, não adianta.

Podcast do Transporte – E qual o resultado prático desse projeto? 

Niege Chaves – Hoje o BRT transporta quase 100 mil passageiros por dia. É um serviço super bem avaliado, às vezes até mais do que o trilho. Transformou a vida de muita gente. Claro que tem problemas, mas o importante é que está de pé — e continua evoluindo.

Podcast do Transporte – A senhora descreve a estrutura atual do Grupo MobiBrasil e seu propósito comum. Qual é o DNA do grupo? 

Niege Chaves – O Grupo MobiBrasil é dividido em três frentes principais — tecnologia, transporte público e infraestrutura urbana —, todas com um propósito comum: a mobilidade coletiva. Outro dia me ligaram oferecendo um negócio bom na área de saneamento. Eu disse: Desculpa, nosso DNA é mobilidade, é ser coletivo.

Podcast do Transporte – Quais são alguns dos projetos tecnológicos e de infraestrutura que o grupo está desenvolvendo? 

Niege Chaves – Entre os projetos tecnológicos, o grupo tem o eXploreAI, plataforma de gestão e manutenção de frotas a diesel e elétricas, e o fortalecimento da Primova, empresa de inovação em mobilidade. Ônibus não pode quebrar e não pode atrasar. A frota tem que estar disponível. É isso que garante qualidade. Já na infraestrutura urbana, o grupo investe em terminais sustentáveis, com recarga elétrica, banheiros limpos e espaços seguros. Um terminal limpo e seguro é o que as pessoas merecem. É ali que começa a dignidade do transporte.

Podcast do Transporte – Como a tecnologia, exemplificada pela fundação do Cittamobi, pode se integrar melhor à gestão pública? 

Niege Chaves – O aplicativo [Cittamobi] nasceu do desejo de dar informação ao passageiro. Hoje ele mostra horário de ônibus, trem, metrô. Mas precisamos ir além — os dados precisam ser abertos, disponíveis para todos, para planejar uma mobilidade melhor.

Podcast do Transporte – Quais discussões a abertura de dados torna possível? 

Niege Chaves – Com dados abertos, podemos discutir tarifa zero, tarifa única, sistemas integrados. Já temos muitas radiografias — agora precisamos de uma junta médica com governo, empresas e sociedade para decidir o Brasil que queremos.

Podcast do Transporte – Questionada sobre o futuro que deseja, qual é a sua visão para o Brasil? 

Niege Chaves – Eu quero um Brasil coletivo, onde as pessoas tenham orgulho das suas cidades. Onde o carro seja privilégio, mas o transporte público tenha prioridade. O ônibus, o metrô, o VLT e as barcas têm que ser desenvolvidos para facilitar a vida de quem mora longe. O individual não pode travar o coletivo.

Podcast do Transporte – Mesmo reconhecendo os desafios, em que reside a força para a transformação do setor e a segurança para o investimento? 

Niege Chaves – É responsabilidade de todos: do motorista que acorda às 3h, do mecânico, do gestor e do empresário. Cada um tem seu papel. E juntos, a gente é muito mais forte. Entra governo, sai governo, mas o bem que é feito para a cidade tem que ficar. A obra fica, o pagamento fica. É isso que dá segurança para investir.

Podcast do Transporte – Quais são os planos de expansão e novos projetos do Grupo MobiBrasil? 

Niege Chaves – Estamos estudando os projetos do BNDES para entender onde podemos contribuir. Não dá pra fazer tudo, mas dá pra fazer bem feito, em parceria. A soma das partes é maior que o todo. Essa energia não é minha. É de um time enorme, um empurrando o outro. Às vezes a gente dá umas cotoveladas (risos), mas tem um propósito comum: deixar um legado. E eu tenho certeza de que a gente tá fazendo o nosso melhor para deixar alguma coisa boa na sociedade.

Compartilhe este post